No post sobre o 36 days of type eu falei um pouco sobre como desafios de criação na internet acabam me motivando para produzir e como eles têm sido super importantes no desenvolvimento do meu traço e do meu trabalho com ilustração. Nas próximas semanas pretendo trazer aqui alguns desses projetos que desenvolvi através de desafios online e contar um pouco mais sobre o processo de criação. Vai ser legal recuperar esse histórico e compartilhar com vocês. Considero um ótimo ponto de partida para os próximos desafios que pretendo participar.
Breve disclaimer
Ou do porquê desanimei do Inktober.
Hoje queria começar contando um pouco sobre o meu Inktober de 2019. Pra quem não conhece, a proposta desse desafio é de fazer um desenho por dia, durante o mês de outubro, utilizando mídias tradicionais/tinta. O perfil oficial até dá uma lista de palavras pra utilizar como referência, mas eu nunca segui essa lista. 2019 foi o último Inktober que fiz, antes de saber de toda aquela treta com o moço que ~cunhou~ o termo e que estava pra lançar um livro super plagiando um outro artista (o Alphonso Dunn) E isso sem contar a perseguição pelo uso do termo “Inktober” em publicações independentes. Aqui nesse post ele fala sobre um “jeito certo” e “errado” de usar a marca… Mas poxa, se é um desafio que nasceu da internet, que PRECISA da comunidade pra se manter, qual o sentido disso? Esse é um desafio que vai muito além do nome ou marca, sinceramente. Pra mim esse tipo de postura é um balde de água fria. Enfim, desestimulei de interagir com a proposta por causa disso, não me senti bem divulgando algo que não acreditava mais.
Em 2019
Feito esse breve disclaimer, voltamos ao desafio de outubro de 2019. Acho que nesse ano tudo começou com eu querendo falar de coisas que me incomodavam em mim e também trazer algumas reflexões sobre coisas que ainda não me sentia tão a vontade de desenvolver no meu trabalho. Assim, decidi organizar meus desenhos diários através de pequenas perguntas e inquietações.
Particularmente eu gosto do formato de perguntas porque a gente já é bombardeado com diversos pontos de vista pela internet, mas será que a gente ainda exercita pensar por si? (olha ela com as perguntas de novo). E também porque sempre acho que eu não tenho o conhecimento suficiente (e talvez também o domínio da argumentação) pra defender uma tese ou ponto de vista sobre um assunto. É uma boa também né, ouvir mais do que opinar. Na dúvida, fica a dica, galera.
Preparação e processo
Como nos anos anteriores, pra dar conta da rotina diária de trabalho, dentro das oscilações de energia e motivação, organizei primeiro as perguntas e depois fui planejando os desenhos. Alguns dias deixava o rascunho à lápis pronto e no dia de postar em si só finalizava. Alguns podem argumentar que isso seria “roubar”, porque é pra praticar um desenho a cada dia, mas foi a forma que encontrei de continuar motivada e finalizar o desafio.
Com relação aos materiais utilizados, reduzi bastante a quantidade pra que as artes tivessem um visual coerente e também pra eu não me perder nas opções e errar a mão na finalização. Do que lembro de cabeça, foram esses aqui:
- Pentel Brush Pen
- Unipin fine line 0.2 e 0.3
- Tinta nanquim da Winsor & Newton na cor amarela
No fim fiquei bem satisfeita com o resultado e, como nos outros anos, organizei os desenhos finais em um pequeno zine de tiragem limitada (31 cópias!) que levei para algumas feiras gráficas.
Para a versão impressa do zine, optei por deixar tudo em preto e branco e acabei redesenhando todas as páginas no digital. Deu um trabalhão, mas compensou porque a qualidade do desenho digitalizado não tinha ficado muito boa.
Momento JABÁ
Nos últimos tempos estou planejando migrar algumas publicações impressas para mídias digitais e aproveito ~o ensejo~ pra divulgar que o Eu não tenho todas respostas, mas tenho muitas perguntas agora está disponível no meu Gumroad.
Lá você pode baixar o pdf com todas as ilustrações juntinhas, bonitinhas e ter sempre com você pra dar aquela lida marota. Você pode baixar de graça ou, se puder, pode pagar o quanto quiser/puder pra apoiar a artista.
Lembrando que não é permitido imprimir, reproduzir, revender, etc. Respeita quem cria e boa leitura 😉
